To the Dragonfly

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009 às 17:28
Para ler ao som de:
My Brightest Diamond - Dragonfly


Uma libélula. Livre, decidida - como um dragão -, estava voando por aí, hora pousando em uma flor vermelha, hora numa flor azul, logo depois em uma branca, o que importa é que ela nunca vai pousar em uma flor específica, digamos, não existe uma flor que atrai libélulas, mas ao contrário, a libélula atrai algumas flores especiais pra perto, faz florescer, crescer, aquele bater de asas tem uma vibração que faz a flor, especialmente as azuis, quererem crescer, ser além, querer ser uma flor especial pra libélula.

Isso pode até acontecer, espero que possa, sim, mas é improvável, as libélulas são improváveis, e essa improbabilidade, essa imprevisibilidade, é o que faz a libélula esse dragão único, de quatro asas, de dois pares de vogais, sempre algo duplo, algo a mais.
Ela sabe ser azul e vermelho ao mesmo tempo, ela é sol e lua, quente e frio, gosto e desgosto, fogo e água.

Gosto de ver ela solta por aí, ruflando suas asinhas rumo a alguma coisa que com certeza é especial, essa liberdade é linda, tanta essência, tanta intensidade, e me sinto muitas vezes como o único que a entende, o único que sabe ver essa beleza rara. E talvez por isso as vezes eu pense que eu deveria fechar todas as janelas pra deixar ela aqui dentro, voando dentro de mim, nos cabelos, nos pensamentos. Mas no fundo eu sei, ela não seria mais libélula, não seria mais quem ela é, nem eu mais saberia admirá-la assim. Por isso é que eu deixo a janela aberta sempre com o jardim bem cuidado, gerânios azuis; vermelhos; azaléias e lírios do campo – e rezo, se é que pode se dizer assim, melhor seria: e canto.

Canto coisas que ela gosta de ouvir. E espero assim, cantando, que ela volte sempre aqui, onde está sempre florescendo – e ela nem sabe que se floresce, é por ela que está sempre aqui.

3 comentários

  1. Você se supera cada vez mais!
    Sou sua fã!
    Parabéns pelo texto! ;)

    Beijos...

  2. eu gosto desse nome: dragonfly.

    e lá vamos nós nesse mundo bipartido de dualidades, dicotomias, polaridades, yin yang toda vida.

  3. Vejo notas junto com seus escritos hoje. Muito lindo.
    Agradar com amor é sempre puro e florido.
    bjos