in 'Mais uma Noite'

segunda-feira, 26 de abril de 2010 às 12:00
"O caminho até minha casa vai encurtando, as pessoas vão descendo sem se despedir, submersas em seus cotidianos, apressadas demais, silenciosas demais. A senhora toda vestida de roxo cintilante espera que algum cavalheiro ceda o assento, em vão. Espero reconhecer a placa da padaria, é na próxima. Algumas pessoas imprensam-se na porta traseira, na ânsia de descer primeiro, tento me equilibrar no pouco espaço que me resta, na espera do freio brusco dado pelo motorista, desconexa ao todo, assim como esse texto, espero.

Desço do ônibus, com todas as esperas que ainda irão percorrer mais tantas esperas de tantas pessoas que esperam uma espera qualquer.

Você, quando chega?"

- clara arôxa