Cartas sem destino certo I

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009 às 22:46
*para ler ao som de ‘somewhere over the rainbow’.

Há muito tempo a luz não estava acesa, a pouca luz que vinha, vinha de fora, das frestas da janela, do vão da porta que fora trancada sabe-se lá há quanto tempo pelo lado de dentro. Você se lembra quando ouviu meu grito sufocado cheio de desespero por não achar as chaves largadas no quarto escuro cheio de palavras mofadas? O meu grito era um silêncio dos mais profundos, um silêncio tão urgente e tão grave que me estremecia e estremecia também todo o quarto, e por vibração, tremia meu mundo todo, meus signos, tudo desmoronando e caminhando rumo a ruínas. Talvez um dia elas até fossem algo bonito de se olhar, algo como algum monumento antigo todo cheio de fendas e marcas que ficam pra todo o sempre, mas não, ainda não é hora, ainda me sinto incompleto demais, bruto, a essência sendo lapidada a cada palavra tua e a cada palavra minha, cada gesto meu ou gesto teu, em todo olhar seu no olhar meu, me descobrindo a cada linha que escrevo, me perdendo em cada verso louco lido e me achando logo em seguida em cada acorde maior.
É pra você que eu grito meu silêncio, pra você que chega e abre as janelas pra luz se derramar, que abre a porta pro novo entrar, que me lapida com palavras que chegam em forma de pensamento bons e melodias que compoem uma trilha sonora doce, complexa e intensa.
É pra você que eu grito meu silêncio:

Pra você que existe e está sempre florescendo..em algum lugar.

7 comentários

  1. eu te amo!

  2. Anônimo Says:

    Já escrevi assim,
    já até senti algo por alguém que nem sei onde estar =)


    Muito bom.
    Abraço André.

  3. Nathália. Says:

    Meu silêncio ultimamente, vem sendo gritado por aquelas palavras.

  4. É sempre muito bom seguir o coelho branco e vir passear aqui...

  5. Este comentário foi removido pelo autor.
  6. acho que o primeiro comentário justifica tudo. :D

  7. Anônimo Says:

    E eu li escutando "somewhere over the rainbow". E foi como abrir as janelas com toda a força. E tentar limpar a poeira que ficou da solidão. E no silêncio gritado sentir uma paz mesmo assim. É de arrepiar o jeito com que brinca com o desconhecido:"Pra você que existe e está sempre florescendo..em algum lugar."