Foi queimando, queimando, queimando, cada vez mais, até que do fogo fez-se cinza, e da cinza, mais cinza, cinza, cinza, e continuava queimando. era fogo e cinza, cada vez mais, queimava por paixão, crescia pelo tamanho do atordoamento que ela causava. Os cabelos balançavam, o olho brilhando da lua, o cheiro no ar. O olho brilhava tanto e o cheiro era tão intenso, que ele estava atordoado, não que não visse mais nada, mas não tirava os olhos daquela paz, não queria sair daquela paz. Era um clima luz de velas, vinho na mesa, segredos, descobrimentos, fascinação, dúvidas, eu te cantava coisas bonitas, você me dizia com a voz terna que pensava em coisas como desistir e eu em coisas como eu-quero-acreditar-em-tudo-outra-vez. Mas aí chegou a conta acendeu a luz apagou a vela a vela caiu a toalha pegou fogo chegaram os bombeiros apagaram o fogo todo mundo saiu correndo o cigarro continuou queimando e era fogo fogo fogo fogo e mais fogo e cinza cinza cinza que só ia aumentando aí, de repente, um leve toque de dedos no lugar certo, bateram a cinza. Desmoronou. Talvez caísse sozinha, talvez não, continuasse queimando pra sempre, quem sabe? Talvez tudo, talvez nada.
talvez tudo, talvez nada.
talvez você.
Ou tudo, ou nada!
Cadê o meio termo? Não poderia ter deixado a vela apagada?
consome, fogo.
tranforma.
e tudo, roleta-russa.